Domaine Renaud Boyer

Vinhos puros, minerais e cheios de vida. A tradução literal de vinhos com energia

Sempre que Renaud Boyer nos escreve para informar nossa alocação, nos sentimos empolgados e privilegiados. Há 11 anos acompanhamos de perto seu trabalho em Meursault e temos uma admiração profunda pela forma como ele cultiva suas vinhas e toma suas decisões na adega.

A cada ano, anunciar os vinhos de Renaud no Brasil é uma enorme alegria — mesmo sabendo que podemos eventualmente desapontar quem busca vinhos com gosto de pipoca, manteiga ou fósforo queimado. Mas isso pouco importa. O número de apaixonados pelo trabalho dele é grande e cresce a cada ano. Seus vinhos apresentam a mais pura expressão do solo e as autênticas notas minerais de algumas das parcelas mais emblemáticas da Côte de Beaune.

Renaud é uma pessoa transparente, simples e sincera. Foi engenheiro mecânico antes de fazer vinho e seu caminho nunca foi sobre seguir estilos ou buscar a perfeição. Seu foco sempre foi criar vinhos com emoção, que alimentam a alma, da forma mais natural possível.

As vinhas que ele cultiva pertencem à família do seu primo. Antes disso, eram cuidadas por seu tio, Thierry Guyot, um dos pioneiros da agricultura orgânica e biodinâmica na região, ao lado de Dominique Derain. Desde 1986 essas vinhas não veem produtos químicos.

Como acontece com a maioria dos vinhateiros na Borgonha, suas parcelas são espalhadas. O Bourgogne “Les Riaux” é um Pinot Noir plantado em solos calcários aos pés das encostas de Puligny-Montrachet. Apesar de ter a denominação simples de “Bourgogne”, está em nível semelhante ao dos grandes terroirs da região.

Seus vinhos Beaune “Les Prévolles” e Saint-Romain vêm de vinhas com mais de 50 anos de idade. “Les Prévolles”, com mais argila, tende a gerar vinhos mais condimentados:

“Essa parcela sempre dá um vinho com notas de especiarias, em especial cravo. Costumo dizer que é o vinho ideal para quem quer começar a explorar o universo dos vinhos naturais. Já o Saint-Romain tinto é mais vertical, sempre floral.”

Renaud também cultiva Chardonnay em “Les Riaux”, Saint-Romain e na parcela ‘Les Reuchaux’, em Puligny-Montrachet — colada nos prestigiados premiers crus. São vinhos puros, minerais e elétricos, a tradução literal de vinhos com energia.

SEUS VINHOS

“Muitos dizem que é preciso adicionar coisas ao vinho. Mas a verdade é que, se você trabalha bem no vinhedo, não precisa.”

Para trabalhar sem sulfito, Renaud explica que o tempo é essencial. Pierre Overnoy, referência no Jura, uma vez lhe disse que o tempo de envelhecimento no tanque ou barril precisa ser equivalente ao tempo de garrafa. Com o tempo, vem o aprendizado.

“Minha primeira safra sem sulfito foi em 2006 — e foi um desastre. Em 2007 usei sulfito de novo, com medo de fazer vinagre. Mas em 2008 tentei mais uma vez sem, e funcionou.”

Desde então, dedicou-se profundamente ao estudo de vinhos de mínima intervenção e evitou grandes problemas com bactérias acéticas. Em 2017, no entanto, enfrentou algo novo: o chamado “mouse taint“, uma condição que pode dar ao vinho um leve gosto de gaiola de hamster e que acabou se tornando um dos maiores inimigos do vinho natural. Ninguém sabe exatamente de onde vem, mas alguns, como Patrick Meyer, desconfiam que a poluição tenha influência.

Renaud isolou o vinho afetado e tentou uma solução pouco ortodoxa: adicionou borras saudáveis da safra seguinte da sua cuvée de Puligny-Montrachet. Surpreendentemente, o defeito desapareceu após mais tempo de envelhecimento. Como ele mesmo diz, isso faz parte do mistério da microbiologia do vinho.

A fermentação dos tintos é feita sempre com cachos inteiros, em estilo infusão, sem remontagens ou pigeage. Apenas movimentações leves com as mãos, para manter a tampa úmida e evitar problemas bacterianos. As macerações duram em média três semanas, mas podem ser mais curtas em anos quentes, para evitar sabores indesejados vindos da casca da uva.

Os brancos são feitos de forma simples, envelhecendo longamente sobre as borras, sem bâtonnage. O tempo de envelhecimento varia muito de cuvée para cuvée. Ele decide pelo gosto, pela experiência e observando como os vinhos evoluem na garrafa. Mantém várias garrafas abertas ao redor, com diferentes níveis de vinho, para testar a resistência à oxidação:

“É muito importante abrir o vinho e deixá-lo em repouso — ver quanto tempo ele aguenta sem oxidar.”

Nem sempre seus vinhos são aprovados pelas comissões regionais de degustação, por fugir do padrão. Sua cuvée de Puligny-Montrachet, por exemplo, teve que ser rotulada como “PM” em 2017. Felizmente, em 2018, ele recuperou o direito de usar o nome da denominação — uma vitória para ele e para os produtores naturais da França.

“Os vinhos têm vida própria... Às vezes engarrafo com 8 ou 10 meses, outras vezes espero mais de dois anos. Não existe uma fórmula.”

E de fato, eles têm vida própria. São vinhos sutis, mas com muita personalidade e matéria. Provam que um vinho não precisa ser intenso para ser marcante. Exatamente como o próprio Renaud.

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